Nossos deuses substitutos - Afirmar-se com Nietzsche

Poder-se-ia objetar que tudo isso está atrás de nós, que a morte de Deus doravante faz parte da história, que aprendemos desde então a construir novos valores mais humanos e mais próximos da vida. No entanto, a morte de Deus não é um evento único. Um grande número de deuses morre a cada dia: deuses íntimos, sociais, políticos, artísticos e sentimentais. Nós todos temos necessidade de um ídolo, de um ideal, de uma pequena ou de uma grande divindade – utopia política, mulher amada, plano de carreira – para dar um sentido à nossa vida, e colapsamos com a morte desse ideal. Nietzsche prevê, com efeito, que a morte de Deus será seguida por inúmeras mortes de deuses substitutos. Não deixamos tão facilmente os nossos hábitos, e teremos necessidade, ainda durante muito tempo, de erigir e venerar ídolos, por mais falsos que sejam.

Novos combates – Depois que Buda foi morto, sua sombra ainda se mostrou por séculos em uma caverna, – uma sombra formidável e aterrorizante. Deus está morto: mas a espécie humana é feita de tal maneira que ainda haverá durante milhares de anos cavernas no fundo das quais se mostrará a sua sombra. E nós, devemos também vencer a sua sombra!” (A gaia ciência, III, 108).”


ebook MOC Afirmar-se com Nietzsche, Balthasar Thomass

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