Eu prefiro gastar minhas energias com outras coisas
No vídeo abaixo se encontra a frase cujo início é o título dessa página neste meu Digital Garden.
Apesar de eu gostar de ver algumas discussões sobre biologia, evolução etc no canal onde está o vídeo acima quando o "sábio ignorante" do Gasset se manifesta não resisto em contrapor no espírito da citação abaixo.
Um ser humano deve ser capaz de trocar uma fralda, planejar uma invasão, matar um porco, conduzir um navio, projetar um prédio, escrever um soneto, equilibrar contas, construir um muro, destrinchar um osso, consolar os moribundos, receber ordens, dar ordens, cooperar, agir sozinho, resolver equações, analisar um novo problema, espalhar esterco, programar um computador, cozinhar uma refeição saborosa, lutar de forma eficiente, morrer galantemente. Especialização é para insetos.
-- Specialization is for insects. (Robert Heinlein)
-- O sábio ignorante um inseto?
"Indignado" com as "ideias", num tom condescendente e paternalista, um tanto rasas sobre se "os comunistas acreditam no que defendem" podemos perguntar: "Quem não acredita nas ideias que defende, cara pálida?". O autor do vídeo pode não acreditar nas ideias que defende, mas isso se chamaria hipocrisia. Mas "eu acredito que ele acredita nas ideias que defende". Por isso acabei, talvez de forma exagerada, para um comentário num vídeo do Youtube que em geral quase ninguém lê, escrevendo o seguinte:
O interessante é que as "cagadas" dos sistemas socialistas ou supostamente socialistas são mais usadas como argumento sem mais nenhuma contextualização do que a nossa realidade flagrante do sistema capitalista que cada vez mais degrada o convívio social e nos torna apêndice de máquinas e dispositivos físicos, conceituais ou virtuais.
Essa história de que vamos estagnar em relação à revolução só seria algo realístico se a opressão capitalista tivesse alguma possibilidade de terminar.
E é claro que nenhum comunista quer ou é capaz de prever quando vai acontecer a revolução pois ela só pode ocorrer como um fenômeno social bem amplo e não pela vontade de indivíduos e grupos, comunistas ou não.
O que os comunistas buscam é mostrar as contradições do capitalismo e do imperialismo para as massas numa tarefa educativa e colaborativa em direção a um modo melhor de viver e trabalhar em cooperação e solidariedade.
A conscientização das massas para a revolução só pode ocorrer através da prática ao enfrentar os acontecimentos que mostre claramente como se dá a exploração. Para isso não é necessária nenhuma pregação obsessiva ou doutrinária mas uma participação na vida do povo.
P.S.: As revoluções precedem os comunistas. Não são os comunistas que "inventaram" as revoluções. Foi o povo oprimido ao extremo que leva de roldão os opressores assim que as condições se tornam favoráveis.
Podemos dizer até que as revoluções é que "inventaram" os comunistas. Que os engendraram.
Os comunistas de verdade são uma vanguarda disposta a ser uma retaguarda apoiando a revolução sempre que o povo e o proletariado se tornem a vanguarda efetiva da revolução pois essa é a verdadeira força que pode enfrentar o capitalismo e a sua fase imperialista em curso. Os comunistas de verdade procuram organizar politicamente a classe trabalhadora e o proletariado para que o ímpeto da revolução seja impossível de deter quando vier.
O proletariado é a única classe que pode se opor efetivamente à classe capitalista. Porque é ao mesmo tempo uma força interior e exterior no capitalismo. Interior porque participa da produção capitalista como seu motor principal. Exterior porque também é capaz de criticar o capitalismo de um ponto de vista exterior ao tensionar as contradições no âmbito da luta de classes. E como força interior, um motor como na imagem anterior, é capaz de parar a produção ou retirar os meios de produção da posse e, depois, da propriedade dos capitalistas.
Todas a manobras saltos mortais do capitalismo estão ligadas de certa forma à lei dos lucros decrescentes. O imperialismo é uma resposta dos capitalistas a essa lei que os destrói mais rapidamente se permanecem confinados apenas à exploração do proletariado do próprio país. Com o imperialismo grandes monopólios industriais e das finanças estendem suas garras ao mundo todo.
O desespero decadente do capitalismo fomenta as guerras por todo o lado como um último salto mortal para o nada, num niilismo que não sabe o que é, mas encontra atualmente um mundo onde as nações estão procurando outras formas de convívio e que o proletariado em seu interior aprende, diligentemente, a lição da fraqueza desse "tigre de papel".