Me chamo Bernadete
author:: chicoary
source:: Me chamo Bernadete
clipped:: 2023-09-24
published:: janeiro 4, 2021
Hoje tive uma aventura.
Escorreguei na escada.
É uma escada nova. Não estava ali antes. Fica perto da água.
Fui como se estivesse num tobogã. Ainda bem que tenho a casca grossa. Digo: o casco grosso. E também que não virei de pernas pro ar. Seria o fim. Sou “cagada” mesmo. De sorte. Mas o que sou mesmo é um cágado. Bernadete é o meu nome. Uma cágada.
Aquela escada pode ser a minha perdição. Fico tentada por ela. Quero descer de novo. Variar o meu universo. Sair um pouco deste gramado onde perambulo. É bem grande mas vejo ainda, com meu olhos baços pela idade, que o mundo é maior. Talvez, se andar um pouco, possa encontrar uns cágados que apareceram por aqui. Fizemos uma pequena orgia, he he he… Logo depois botei uns ovos. Agora não há nenhuma dúvida. Sabem que sou uma fêmea. Pensavam que tinham me dado um nome feminino sendo eu um macho. Mas mesmo assim continuei sendo Bernadete para eles. Os humanos são muito presos ao hábitos.
O fato é que do meu imenso gramado, ao escorregar, fui parar numa área muito pequena de onde não pude sair para voltar ao gramado pois os cágados não são muito bons nesse negócio de escalada. Demorou a aparecer alguém para me tirar de lá. Acho que minha dona, Dona Teresa, foi viajar.
Quando me acharam fui pega pelo casco e … que sensação. Parecia que estava voando. Meu sonho acalentado. Até que me pousaram de novo no meu gramado. Dei umas duas voltas indo até a beirada da escada. Comentaram que parecia que eu queria escorregar nela de novo. Não suspeitaram do que eu realmente queria.
Voar…
Leia também a parte 2.