Joey Skaggs

author:: chicoary
source:: Joey Skaggs
clipped:: 2024-02-17
published:: agosto 28, 2010

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Na “era da informação” não há como diferenciar o que é desinformação. O termo “informação” já carrega no seu bojo uma “vontade de verdade”. Não seria informação se não fosse “verdade” (desculpem o “pântano” de aspas, mas é necessário). Não existe um DNA para um teste de paternidade (chega de aspas) capaz de dirimir dúvidas. O mundo louco em que vivemos supera nossas fantasias mais arrojadas e nos torna crédulos para as maiores bizarrices: credo quia absurdum est (creio porque é absurdo)”. Joey Skaggs não nos deixa esquecer nossa falibilidade em tal assunto.

“A mídia não é apenas a mensagem. A mídia é uma massagem. Estamos constantemente sendo acariciados, manipulados, ajustados, realinhados, e manobrados.”
Joey Skaggs

Alguns embustes de Skaggs são bastante elaborados dentro da lógica de que “a mentira tem pernas curtas” para enfrentar os desafios de se inserir algo irreal no seio do real. O real é perfeitamente integrado no real (tautológico?) enquanto que o embuste vive em perene tensão com o mesmo e na corda bamba do desmascaramento.

Em 1976, antes do primeiro bebê de proveta vir ao mundo, o artista americano Joey Skaggs, utilizando o codinome de Giuseppe Scaggoli, lançou o Celebrity Sperm Bank, cujo objetivo era leiloar mostras de esperma de astros de rock, como Mick Jagger, Bob Dylan, Paul McCartney, Jimmy Hendrix. Joey Skaggs organizou um evento na Waverly Place, em Nova York, onde atores recrutados pelo artista simulavam piquetes de feministas, sociólogos, psiquiatras e músicos pró e contra a iniciativa. Era o início da carreira de Skkags, o artista que usa a própria mídia como suporte. À primeira vista o trabalho de Skaggs parece datado, na medida em que articula uma contra-informação assentada em táticas de guerrilha midiática, mas na verdade utiliza comunicação de ponta, recursos performáticos atualizados, metodologia rigorosa aliada a um raro talento publicitário. Ainda em 1976, realizou a “Cathouse for Dogs” ou “Motel para Cachorros”, quando dezenas de cidadãos novaiorquinos responderam ao anúncio publicado no Village Voice, oferecendo “satisfação sexual para o seu cachorro por US$ 50″. A obra do artista, incluindo uma performance canina simulando um bordel no So-Ho, teve ampla cobertura da WABCTV, que depois do evento, mesmo sabendo tratar-se de uma “peça”, nunca se retratou publicamente.

“The fat Squad Commandos” (1986), o programa de monitoramento de dieta coordenado pelo Dr. Joe Bones (Joey Skaggs) – que a cada oito horas destacava uma espécie de “personal trainer” para lembrar o cliente da dieta rigorosa que prometeu fazer – arrebanhou interessados até na Europa. Bones (Skaggs) chegou a dar entrevista no famoso “Good Morning America”, da rede ABC. Em seguida, seria a vez da TV Globo acreditar no exótico “Baba Wa Simba” (1995), o filho de missionários quenianos criado entre leões, que foi a Londres aplicar a sua terapia “leonina” – comer carne crua em conjunto e rugir em alto e bom som (atividade a que os repórteres se submeteram para cobrir o evento).

Finalmente, a CNN, em 1996, deu todo o peso de sua credibilidade ao “Projeto Solomon”, do advogado Bonuso (Skaggs).

Dr. Bonuso criara um software que substituía a presença dos jurados num tribunal. “As máquinas são mais perfeitas que os seres humanos”, dizia o release do Dr. Bonuso, que se intitulava professor de direito pela NYU. Skaggs/Bonuso chegou a arrastar a imprensa para a sofisticada produtora multimídia Voyager, onde fez uma simulação do software – upgrade do já conhecido “detector de mentiras”. Para comprovar a eficácia do projeto, Dr. Bonuso dizia que Solomon analisou o caso O. J. Simpson, e o ex-jogador de futebol americano foi considerado culpado.

Os meios jurídicos ficaram boquiabertos e a CNN deu destaque nacional (http://www-cgi.cnn.com/US/9601/scam_artist/index.html), cometendo aquele erro básico do jornalismo: não checar as fontes de informação. “Estou plugado nos meios de comunicação de massa e sei como funcionam. Olho para as notícias como se fossem comerciais e para os comerciais como se fossem notícias. Sei exatamente como ambos são construídos e para que finalidade são direcionados. Vejo como afetam o pensamento das pessoas”, disse Skaggs, acrescentando: “Sou eu contra todo os establishment. Por isso eu amo tanto esse meio. Porque o meio, ele mesmo, resiste a mim.”

Uma das últimas peças de Skaggs, utilizando a Internet, envolve um intrincado esquema de biopirataria, e merece ser vista em http://www.joeyskkags.com/html/stop.html. Quanto ao seu projeto atual, ainda é um mistério. Há quem diga que por trás da venda de espaço publicitário na superfície da lua, boato amplamente divulgado na rede, existe um corretor amigo de Skaggs.

Em “Uma nova dimensão: a arte biotecnológica”

Fonte: http://www.ekac.org/mieli.html


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