Eu vi um duende

author:: chicoary
source:: Eu vi um duende
clipped:: 2024-03-30
published:: novembro 10, 2022

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Publicado em https://chicoary.wordpress.com.

Eu acredito em unicórnio. Muitos dizem que unicórnio não existe. Eu não acredito em duende. Mas a Xuxa acredita e até viu um.

Um argentino mentiroso da gôta acredita que o processo eleitoral brasileiro é passível de fraude. Fala explicitamente disso numa live que é retirada do ar (que não consegui ver justamente porque foi tirada do ar, dude). Se ele mente nada mais justo! Esse é o ponto de vista do “mamãe calei-te”, como agora está sendo chamado no Twitter o “Mamãe Falei!”, vulgo “Arthur do Val”.

Num trecho do vídeo abaixo Monark pede que o Val esqueça o Bolsonaro e coloque o foco da sua atenção na questão da censura à liberdade de expressão. Quase que implora para que pare de usar o biombo “ah mas é contra o Bolsonaro…logo é bom e do bem” para justificar uma falácia. Durante o embate o “Mamãe Falei!” segue fazendo pontes entre as falácias que profere e mesmo um Monark, que aparenta ser simplório por falta de leitura mas tem mente afiada, percebe o engôdo e se mantém firme na tese principal, sem deixar-se enganar pelas tergiversações do interlocutor. Monark pode ter suas simpatias impulsionando e valorizando o tema mas pode-se dizer que é impecável na sua argumentação.

O Monark, no tweet abaixo (clique na imagem), não acredita que o argentino esteja mentindo e nem que esteja falando a verdade. No entanto o Monark acredita que ele tem o direito a uma opinião. Se a opinião dele é instrumentada para influenciar ou é um engano dele em relação ao que alguns outros acreditam isso não é suficiente para impedi-lo de expressar sua opinião, cabendo ao outros julgar e se posicionar como quiserem. Censurar uma expressão de opinião é também censurar os que vão ficar sem ter acesso a uma opinião valiosa, se não como algo instrutivo por ser fidedigno com uma realidade concreta mas pelo menos instrutivo sobre o emissor e suas ligações (repito: não consegui ver o vídeo justamente porque foi tirado do ar). Privados disso no princípio também haverá uma privação no final quando os censores, após ter “limpado o terreno”, se tornarem a fonte acima da censura e passarem a mentir impunemente já que inalcançáveis tanto pela lei como pelo julgamento através da opinião pública. A censura se traveste de protetora dos ingênuos e faz isso com a certeza que a ingenuidade desse ingênuos é seu grande trunfo para fazer passar despercebida sua grande esperteza.

Xuxa não teve seu vídeo (abaixo) censurado, a não ser pelos olhos arregalados e estupefatos da La Sangalo. Fanáticos do CCF (Comando de Caça aos Fakenews) poderiam decretar que os duendes são uma deslavada mentira e “cancelar” a Xuxa. Se considerassem a coisa muito grave até a imagem dela poderia ser recortada de toda a Internet (há tecnologia para isso, eu acho), como faziam com as fotos quando Stalin governava a União Soviética.

Nos comentários ao tweet com o vídeo do Monark Talks há coisas interessantes que são resgatadas. Uma delas abaixo.

O tal de Val é aquele que disse que as ucranianas eram “facinhas”, só para contextualizar para os esquecidos.

P.S.:

A censura é colocada como uma necessidade preventiva contra discursos e opiniões supostamente “contra a sociedade”. Com esse argumento abstrato se estabelece um procedimento a priori. Mas quem censura o censor? Temos agora uma recursividade das tartarugas gigantes segurando o mundo. “Tartarugas até lá embaixo”, como disse uma senhora ao ser perguntada sobre quem segurava a primeira tartaruga.

O procedimento a posteriori, mais democrático e anti-autoritário, é julgar depois se houve malefício. E mesmo assim com todo o cuidado para preservar as garantias individuais que protegem o cidadão contra o Estado Leviatã.

Uma coisa que chama atenção, por exemplo, nesse mundo a “posteriori”, é o horror que muitos que alegam ter sido caluniados têm em abrir um processo contra o, supostamente, caluniador. A lei prescreve que o caluniador deve provar o que diz. Já vi gente dizendo que adoraria ser processado como caluniador para ter oportunidade de provar em juizo as “calunias”. As “caluniadas” urnas se fossem “gente” será que abririam um processo assim?


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