A maldição de D. Sebastião
author:: chicoary
source:: A maldição de D. Sebastião
clipped:: 2023-10-16
published::
Screvo meu livro à beira-magua.
Meu coração não tem que Ter.
Tenho meus olhos quentes de água.
Só tu, Senhor, me dás viver.
Só te sentir e te pensar
Meus dias vácuos enche a doura
Mas quando quererás voltar?
Quando é o Rei? Quando é a Hora?
Quando virás a ser o Christo
De a quem morreu o falso Deus,
E a despertar do mal que existo
A Nova Terra e os Novos Céus?
Quando virás, ó Encoberto?
Sonho das eras portuguez,
Tornar-me mais que o sopro incerto
De um grande anceio que Deus fez?
Ah, quando quererás, voltando,
Fazer minha esperança amor?
Da nevoa e da saudade quando?
Quando, meu sonho e meu Senhor?
Lula é o D. Sebastiāo. Sua prisāo representa a batalha de Alcacer Quibir perdida para os mouros. O candidato da direita o Felipe I da Espanha. Os impostores, aqueles que esperam ser indicados por Lula. A simpatia e carinho, misturada com gratidão, de Lula para com Manuela e Boulos pode ser uma maldição. Podem ser os espantalhos para atrair as baterias da direita. Haddad, tal uma eminência parda, ficou no circulo externo do palanque. O açodamento dos advogados, martelos para que tudo é prego, não vingaria sem um interesse eleitoreiro e escuso a apoiá-los nos bastidores. Talvez a historia do sebastianismo seja um dos muitos paradigmas que poderiam ser imaginados para o caso. E mais personagens também podem ser buscados além daquele palanque em São Bernardo. Um povo desesperançado que busca o seu salvador já está posto.
A ‘sebastianização da política’ então segue seu curso.
Vemos assim o abandono da política em favor de uma sebastianização, mais fácil de compreender.
Lula agora é ‘O desejado’ e também ‘O adormecido‘.
Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?